Nas últimas duas semanas me deparei com um fato novo em minha vida: meu pequeno princípe está aprendendo a pontuar suas vontades, digamos, de uma forma um tanto efusiva... Birra mesmo! Quando isso acontece, começo de imediato a me policiar e tento colocar em prática o que aprendo na acadêmia; mas confesso que é uma tarefa árdua, principalmente pelo fato de que não estou lidando com uma criança qualquer, mas com meu próprio filho. E tudo o que menos quero é fazer jus ao ditado: "Casa de ferreiro, espeto de pau!".
Hoje reservei parte do meu tempo para pesquisar sobre o assunto e encontrei um artigo interessante, um pouco extenso, mas muito proveitoso que posto a seguir. Nele você verá que com uma boa dose de amor e tolerância, somos capazes de superar as fases em que a criança busca se auto-afirmar e que muitas vezes tiram os adultos do sério!
Um Breve Histórico
Antigamente, ninguém sequer discutia o assunto. Criança não sabia e, portanto, precisava aprender. Cabia a nós, adultos, o compromisso de ensinar. Quando o filho fazia algo errado, respondia mal ao vovô, agredia um coleguinha de escola ou manifestava-se contrário à realização do tema de casa, os pais não tinham dúvidas: agiam, corrigiam, praticavam sanções disciplinares, aplicavam os chamados “castigos” e até batiam. Tudo em nome da boa educação das crianças. Naquela época, ter um filho indisciplinado era uma coisa vergonhosa, inadmissível para qualquer família.
Com as mudanças ocorridas durante o século XX, tanto no campo das relações humanas como no campo da educação, as pessoas foram aprendendo a respeitar as crianças, entendendo que elas têm gostos, aptidões próprias, personalidades e até indisposições passageiras – exatamente como nós, adultos. Com isso, sem dúvida, muita coisa melhorou para as crianças: o relacionamento entre pais e filhos ganhou mais autenticidade, menos autoritarismo; o poder absoluto dos pais sobre os filhos foi substituído por uma relação mais democrática.
Nestas últimas duas décadas, porém, estamos assistindo a um grande fenômeno: as crianças têm tido mais autoridade que seus pais, apesar de ainda dependerem deles biopsicossocialmente. As pessoas em nada mudaram geneticamente, mas os padrões comportamentais familiares sofreram uma grande desorganização: os bebês têm dificuldades para dormir sozinhos, as crianças exageram nas birras com seus pais, os filhos sofrem de obesidade e alguns já têm colesterol alto por só comerem o que desejam, crianças exigem telefones celulares cujo uso nem se justifica, as dificuldades de aprendizagem cresceram vertiginosamente e a convivência parental se reduziu a pouco mais de cinquenta minutos diários na maioria dos lares. Parece o fim do mundo? Parece. Mas, felizmente, não é.
Já dizia Aristóteles, um filósofo que viveu muito antes de Cristo: “A justiça está no meio-termo.” Ou seja, o que ocorreu foi que, no afã de atender aos reclamos da moderna pedagogia e da psicologia, os pais perderam um pouquinho o rumo e, sem querer, exageraram na dose. Quiseram tanto acertar que acabaram errando. Porém, essa situação ainda tem conserto: algumas regras básicas são suficientes para colocar a casa em ordem e a vida em paz !
Os “Limites Infantis” não foram escolhidos como tema do nosso segundo encontro por acaso. Nosso objetivo é explicar à comunidade escolar com clareza e objetividade que podemos ser pais amorosos sem perder a autoridade, sem deixar que nossos filhos cresçam sem limites e sem capacidade de compreender e enxergar as necessidades e direitos dos outros. Hoje estaremos abordando uma importante faixa etária da vida humana: a criança de 0 a 6 anos. Dar limites é... - ensinar que os direitos são iguais para todos;
- ensinar que existem OUTRAS pessoas no mundo;
- fazer a criança compreender que seus direitos acabam onde começam os direitos dos outros;
- dizer “sim” sempre que possível e “não” sempre que necessário;
- mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outras não podem ser feitas;
- fazer a criança ver o mundo com uma conotação social (con-viver) e não apenas psicológica (o meu desejo e o meu prazer são as únicas coisas que contam);
- ensinar a tolerar pequenas frustrações no presente para que, no futuro, os problemas da vida possam ser superados com equilíbrio e maturidade;
- desenvolver a capacidade de adiar satisfação;
- saber discernir entre o que é uma necessidade dos filhos e o que é apenas um desejo;
- dar o EXEMPLO ! Dar limites não é... - fazer só o que vocês, pai ou mãe, querem ou estão com vontade de fazer;
- ser autoritário (dar ordens sem explicar o porquê e/ou agir de acordo apenas com seu próprio interesse);
- gritar com as crianças para ser atendido;
- deixar de atender às necessidades reais (fome, sede, segurança, afeto) dos filhos porque hoje você está cansado;
- provocar traumas emocionais ou físicos;
- delegar a terceiros a tarefa de educar seus filhos. O que pode acontecer quando não se dá limite ? A criança que não aprende a ter limites para o seu querer, para seus desejos e vontades, que tudo quer e tudo pode, tende a desenvolver um quadro de dificuldades que vai se instalando passo a passo, como segue:
4.1. Etapa Um: Descontrole emocional, histeria, ataques de raiva (mais comum até os 3 anos de idade)
Quando por insegurança, culpa ou medo de serem antiquados ou autoritários, os pais deixam de exercer seu papel essencial de “construtores de limites”, a tendência é que a criança mantenha e aperfeiçoe uma postura hedonista, apresentando dificuldades crescentes de aceitar qualquer tipo de limite aos seus desejos.
A criança que não é orientada pelos pais e é atendida em tudo sempre que chora e esperneia tende a perpetuar esse tipo de conduta. Ela já está aprendendo a alongar seus limites e iniciando seu processo de controlar o mundo através, primeiramente, do grito e, talvez depois, da violência ou agressão.
4.2. Etapa Dois: Dificuldade crescente de aceitação de limites (mais comum entre os 3 e os 5 anos de idade)
Quando começa a frequentar a escola, a criança que não traz uma base sólida de limites tende a não aceitar restrições às suas ações: se quer ir brincar no pátio na hora em que a professora está realizando atividades de pintura, ela ignora o chamado e as recomendações. Caso não consiga seu intento, reage de maneira negativa: chora, grita, agride, chuta, joga brinquedos e/ou objetos. Em seu relato do período escolar passa a elencar aspectos negativos da escola: a sala é ruim, a professora é feia, os colegas são chatos, o colégio não tem graça. Quando os pais percebem a articulação do filho e realizam um esforço conjunto com a professora para contornar a situação, a tendência natural é que as coisas comecem a se tranquilizar. Caso a família seja super-protetora, a migração escolar é o caminho mais provável.
4.3. Etapa Três: Distúrbios de conduta, desrespeito aos pais/colegas/autoridades, incapacidade de concentração, dificuldade para concluir tarefas, excitabilidade, baixo rendimento (pode iniciar precocemente a partir dos 4 anos de idade)
A criança foi crescendo, crescendo e ficando a cada dia mais distanciada da realidade. Pai, mãe, avós, vizinhos, amigos – todos só existem para satisfazer as suas necessidades. Assim ela passa a interromper aos gritos quem estiver falando, exige que se comprem todas as roupas e brinquedos que deseja, come o que quer na hora em que bem entende, dorme na cama da mamãe quase todas as noites (e às vezes exige que o pai não permaneça no quarto), toma banho apenas na hora em que decide fazê-lo, vai à escola ou estuda apenas quando estiver com vontade... No início isso foi maravilhoso, pois a família achava que estava lhe dando muito amor e que ela apenas tinha uma “personalidade forte”. Segundo a lógica infantil (e a de muitos adultos também), fazer só o que se quer é muito mais agradável do que fazer o que se deve.
Ao final de seis ou sete anos, porém, os pais percebem que criaram uma pessoinha com uma visão distorcida do mundo, que acaba se tornando desagradável e que passa a ser evitada na distribuição de convites para festas, almoços e aniversários de amigos, vizinhos e até mesmo de alguns parentes – a maioria das pessoas não gosta de conviver com alguém tão “cheio de vontades”. Então esse papai e essa mamãe se entreolham assustados, pois aquela criança a princípio “tão lindinha”, tão “cheia de personalidade”, acabou se transformando num reizinho, eternamente insatisfeito, mandão e pronto para brigar o tempo todo... um verdadeiro tirano.
E o que é pior: não têm mais autoridade sobre ele, não conseguem convencê-lo a falar educadamente com as pessoas, a respeitar a fila, a tolerar pequenos desgostos, a fazer seus deveres escolares... Exagero ? De forma alguma. A criança que não aprende a ter limite cresce com uma deformação na percepção do outro. Só ela importa, o seu querer, o seu bem estar, o seu prazer. O egocentrismo infantil, que deveria diminuir com a idade, torna-se exacerbado, só cresce.
Com frequência essas crianças são confundidas com as que têm a síndrome da hiperatividade verdadeira, porque iniciam um processo que pode assemelhar-se a esse distúrbio neurológico: irritabilidade, instabilidade emocional, redução da capacidade de concentração e atenção, incapacidade de tolerar frustrações e contrariedades, desinteresse pelos estudos, falta de persistência, desrespeito pelo outro (colegas, irmãos, familiares e autoridades em geral).
4.4. Etapa Quatro: Agressões físicas se contrariado, descontrole, problemas de conduta, problemas psiquiátricos nos casos em que há predisposição (comum na adolescência, mas pode iniciar precocemente a partir dos 8-9 anos)
Há uma relação direta entre a falta de limites e a forma de ver o mundo. Quando família/escola não agem de maneira corretiva e eficiente nas etapas anteriores, a distorção passa a ser a única realidade possível para o futuro adolescente. Seguindo esse raciocínio, veremos os números crescentes de utilização de álcool, drogas, substâncias psicoativas, marginalização e criminalidade.
Eles crescem e se desenvolvem através da seguinte filosofia de vida: “o mundo existe para o meu prazer; todos devem fazer o que eu quero e gosto; quem não faz o que eu quero não gosta de mim; quem não gosta de mim é meu inimigo; quem é meu inimigo não é digno de viver.” Os exemplos estão aí, diariamente, circulando na mídia: jovens que se armam e saem matando pais, amigos, colegas de escola; o caso do atirador do cinema do RJ; o caso do índio pataxó queimado em Brasília; o caso da mãe que era ameaçada e agredida fisicamente pelo filho em troca de dinheiro...
Finalizando: aquilo que nos primeiros meses e anos de vida pode parecer apenas “engraçadinho”, “interessante”, “sinal de amor”, “personalidade forte”, acaba levando nossos filhos exatamente ao pólo oposto do que desejamos. Tentando evitar traumas psicológicos os pais estarão propiciando o surgimento de sérios problemas num futuro não tão distante.
5. Como disciplinar sem bater ? - Premiando ou recompensando o bom comportamento: Sempre que a criança tiver atitudes corretas, devemos ressaltar esse fato. Normalmente só nos lembramos de ressaltar as coisas negativas e, por essa razão, as crianças ficam com a sensação de que não vale a pena fazer tudo certinho – elas não recebem qualquer estímulo ou olhar aprovador. A melhor forma de alcançar um objetivo educacional é elogiando, incentivando e ressaltando tudo de bom que a criança faz.
- Entendendo que premiar não é obrigatoriamente “dar coisas materiais”: Embora pareça impossível e estranho em época de grande consumismo, um carinho, um elogio sincero ou o reconhecimento do esforço valem muito mais do que presentes, dinheiro, viagens. Ao longo dos anos, se acostumarmos nossos filhos a serem “comprados”, eles aprenderão a agir dessa forma conosco também.
- Fazendo com que a criança assuma as consequências de seus atos (positivos ou negativos): Com a mesma naturalidade e carinho com que elogiamos e premiamos nossos filhos, devemos conversar e agir quando eles erram, explicando, apontando e fazendo com que reflitam sobre as atitudes incorretas e egocêntricas, com o cuidado de nunca relacionar uma atitude a características pessoais. Em outras palavras: ao criticarmos alguma coisa que a criança fez de forma indevida, devemos fazê-lo com relação ao fato específico e não como se fosse algo inerente ao indivíduo ou a sua personalidade.
EX: “Fulano, não é correto pegar o que não é seu sem antes pedir autorização ao dono.” JAMAIS: “Fulano, você é desonesto, egoísta e sempre quer tudo pra você.” Apresente o fato como algo a ser analisado, repensado e refeito, sempre dentro das possibilidades da idade e da compreensão da criança. Se você conversou, explicou a regra e mesmo assim seu filho tomou uma atitude indesejada, não flexibilize: ele deverá arcar com as consequências de sua decisão.
- Tendo sempre em mente que coerência, segurança, justiça e igualdade são imprescindíveis: Toda consequência ou responsabilização deve ser ADEQUADA, isto é, para pequenos deslizes, pequenas consequências; para atos mais graves, consequências mais sérias. Nunca exagere. Trate seus filhos com igualdade – não tenha dois pesos e duas medidas.
Necessidades X Desejos
Em se tratando de dar limites, é fundamental distinguir o que são necessidades e o que são desejos de nossas crianças.
6.1. Necessidade: é algo inevitável, algo que, se não atendido, pode levar o indivíduo a ter problemas sérios no seu desenvolvimento, seja físico, intelectual ou emocional.
6.2. Desejo: é a vontade de possuir algo, de realizar algo, que pode ou não ser importante para o desenvolvimento. Está mais vinculado ao prazer. Segundo Abraham Maslow, o homem tem uma série de necessidades normais que ele agrupou de forma hierarquizada em forma de uma pirâmide, conhecida como a “Pirâmide das Necessidades de Maslow” (Veja figura no final da postagem)
Isso significa que o ser humano só se preocupa em atender a uma necessidade de nível mais elevado se as de nível mais baixo estiverem atendidas. Ou seja: quem está com muita fome (necessidade fisiológica) não fica muito interessado em proteger-se (necessidade de segurança), podendo arriscar-se para obter alimento.
Todo pai tem o dever de atender às necessidades de seu filho, sejam elas de que nível for. Quanto aos desejos, porém, é necessário analisá-los para depois decidir.
6.3. Analisando Desejos Antes de Optar por Atendê-los: Primeiramente pense se esses desejos são aceitáveis do ponto de vista individual e social.
Em segundo lugar, veja quais desejos você quer atender (ou porque não tem condições de fazê-lo ou porque não considera adequado à faixa etária, horário, educação do seu filho...).
Em terceiro lugar, analise se estes desejos extrapolam os limites do desenvolvimento normal e saudável de uma criança. Um exemplo passo-a-passo: seu filho diz que está com fome e quer comer chocolate no horário do almoço. Comer é uma necessidade, alimentar-se é uma necessidade fisiológica básica.
Do ponto de vista individual/social, não haveria problema algum se a criança substituísse seu almoço por uma barra de chocolate.
Do ponto de vista do querer paterno: talvez a família tenha condições e não considere inadequada a solicitação da criança. Mas numa análise final, devemos nos fazer a seguinte pergunta: é saudável e normal uma criança substituir uma refeição tão importante como o almoço por uma barra de chocolates ? Concordando com esta atitude, não estaríamos atendendo a um desejo e não a uma real necessidade do pequeno ?
Claro que alguns desejos, mesmo não sendo necessidades, poderão ser atendidos. Mas seremos nós, pais – adultos – provedores, que analisaremos e decidiremos a questão. Esse é o princípio básico do “limite infantil”.
Entre 1 e 4 anos
7.1. Necessidades: Desde o momento em que começa a se relacionar, primeiro com os pais, depois com outros membros da família e, em seguida, com a comunidade, a criança até os 4 anos precisa muito, dentre outras coisas:
- sentir-se desejada, amada e necessária;
- receber cuidados, proteção e segurança;
- ser apreciada, aceita e fazer parte do grupo;
- ter a oportunidade de explorar, brincar e aprender a cuidar de si mesma (vestir-se e usar o banheiro, aos 2-3 anos);
- repousar durante o dia;
- dormir cerca de 12 horas por noite.
7.2. Tarefas dos Pais: Para atender às necessidades citadas, os pais precisam colaborar com algumas atitudes sistemáticas, que em muito ajudarão as crianças a crescerem, se tornarem independentes e equilibradas emocionalmente.
- Faça com que as coisas permaneçam positivas – diga “não” e em seguida o que a criança deve fazer. EX: “Não, querida. Você não pode mexer no computador do papai. Então vamos escolher outra coisa para brincar.”
- Use prêmios antes. Não se esqueça de premiar o bom comportamento (sem exageros, é claro). Tenha sempre um sorriso ou palavra agradável quando seu filhinho colaborar na arrumação dos brinquedos ou ajudar você a guardar as compras. O importante é que o prêmio/aprovação ocorra com frequência. Assim, quando houver uma censura ou reprovação, isso não afetará a auto-estima da criança.
- Aplique as consequências imediatamente. Deixar para depois não funciona, porque a criança já esqueceu porque está sendo castigada e aí não aprenderá a discernir o bom do mau comportamento.
- Ignore um comportamento que não esteja prejudicando ninguém, quando a criança é pequena. Temos de saber diferenciar as lutas que valem a pena e as que não valem a pena ser iniciadas. Toda pessoa precisa externar seus sentimentos em alguns momentos. Portanto, se seu filho está brincando no quarto ou em outro local onde não há perigo de machucar ninguém ou quebrar nada, simplesmente deixe. EX: Estava montando uma torre com peças de plástico, a torre desabou, ele se irritou e jogou as peças longe.
- Conforte a criança nas necessidades. Em geral, quando está triste, em conflito, ou chateada por alguma coisa, a criança busca o apoio dos pais. Conforte-a com palavras que expressem sua compreensão, dê-lhe carinho. Isso reforçará a segurança de que tanto necessita.
7.3. Como lidar com problemas de comportamento:
7.3.1. Acessos de cólera ou mau humor:
- são frequentes nessa idade, pois a criança não está totalmente socializada.
- ignorar é a melhor maneira de eliminar.
- quanto menos você falar e tentar convencê-la, melhor e mais rápido o efeito.
- não espere que se acalme escutando a voz da razão e a ponderação - ela está com muita raiva e não consegue dominá-la.
- não tenha você também um acesso de cólera por causa do acesso de cólera da criança. Você é um adulto. Não aja como se tivesse a mesma idade de seu filho.
- dê-lhe direito ao “piti”, mas explique que não vai assistir. Conduza-a a um local onde não possa machucar-se (isso é fundamental para a segurança da criança), diga-lhe com calma e firmemente que essa não é a forma de conseguir o que deseja e que você vai esperar ela se acalmar para depois conversarem. A seguir, retire-se.
7.3.2. Agressões físicas e arremesso de objetos:
- se a criança tentar agredi-lo fisicamente, chutar, jogar coisas, simplesmente impeça-a, segurando com firmeza mas sem machucá-la.
- não fique junto gritando, suplicando, ameaçando, muito menos agredindo ou apanhando. Simplesmente não assista. Sem platéia não há espetáculo.
- depois que a criança se acalmar, converse seriamente sobre o que ela sentiu, mostre que existem outras formas de demonstrar sentimentos, mas sem longos sermões. Seja breve e vá direto ao ponto. EX: “Que pena, mamãe e papai ficaram muito tristes porque você chutou seu irmão. Agora sim você está lindo e inteligente como sempre foi. Fazer o que você fez não vai dar certo conosco. O que não pode, não pode.”
7.3.3. Crises em lugares públicos:
A melhor maneira de lidar essas situações é evitar que elas aconteçam. Para isso, é fundamental conhecer a criança e não exigir mais do que ela é capaz de dar de acordo com a sua idade.
- evite saídas ou compras na hora em que a criança está cansada ou com sono. É normal que a criança dessa idade tenha sono à noite e após o almoço. É uma necessidade dessa fase. Respeitá-la evitará maiores problemas.
- permaneça pouco tempo em locais que sejam de baixo interesse para a criança (supermercado, exposições, lojas, banco...). A não ser que seja totalmente impossível deixá-la em casa, leve-a. Mas lembre-se de que ela não estará nada motivada para esta atividade e não espere ter um anjinho de candura ao seu lado. É comum alguns pais entupirem a criança de brinquedos, doces e agrados para prolongar a estada dela em tais locais. Depois não conseguem entender como ela se tornou tão birrenta ou tão interesseira...
- se não puder evitar a ida a um lugar aborrecido, leve brinquedos que a distraiam. Mas por favor, seja rápido.
- jamais ignore um mau comportamento que prejudique ou magoe outras pessoas. Explique isso com clareza. Da mesma forma que se premia sempre o bom comportamento, mesmo que apenas com palavras carinhosas ou de incentivo, a atitude inadequada deve ser coibida de forma clara, objetiva, com segurança e de imediato. Os direitos dos outros devem ficar tão claros quando os seus próprios direitos.
Entre 5 e 7 anos
8.1. Necessidades:
- conversar sobre o que pensa e sente;
- se comunicar com os pais e ser ouvida;
- compreender normas e valores;
- ter aprovação dos pais e de outras pessoas com as quais convive;
- carinho;
- dormir cerca de 11 horas por noite;
- saber diferenças entre os sexos;
- muita atividade física;
- independência cada vez maior;
- iniciativa e imaginação;
- conhecer o mundo que a cerca.
8.2. Tarefas dos Pais:
Se queremos que nossos filhos nos respeitem e respeitem o outro, temos que começar, nós próprios, respeitando-os, porque o exemplo continua sendo a melhor maneira de educar. Se nós formos desregrados, sem limites e indisciplinados, como poderemos querer que nossos filhos sejam diferentes ? Portanto:
- tenha normas coerentes de disciplina. Regras justas e coerentes com a forma de viver de todos os componentes da família têm muito mais chance de serem cumpridas e não despertam revoltas. Porém, não transforme sua casa num quartel.
- enuncie as normas especificamente e com clareza. Também é importante explicar o porquê de determinadas regras – nessa idade a criança já entende e tem um senso de justiça bastante desenvolvido.
- defina as normas antes que os problemas surjam. A melhor maneira de não ouvir reclamações é fixar as regras do jogo antes do jogo começar. EX: se vocês vão fazer uma visita a algum amiguinho, explique antes de sair, numa conversa franca, o que poderá ser feito e o que não poderá ser feito. Quando seu filho compreende as regras, sente-se bem em cumpri-las, especialmente nesta idade.
- às vezes, mesmo ciente das regras, as crianças teimam e insistem em mudar o que foi estabelecido. Nesse caso, seja firme. Se você flexibilizar sempre, será cada vez mais difícil estabelecer limites para os pequenos e manter a sua autoridade.
- não seja exigente demais. Nessa fase é comum as crianças começarem a querer fazer as coisas por si mesmas – colocar a roupa, tomar banho, cortar o bife. Aplauda sempre sua persistência, em vez de rir ou caçoar de seus esforços, por vezes, desajeitados. Só aprende quem faz. Incentive seu filho a ser independente.
8.3. Técnicas a serem usadas
- utilize o sistema de prêmios e consequências, procurando premiar sempre a boa conduta;
- premie usando atividades prazerosas preferencialmente a coisas materiais;- suspenda prêmios quando surgir má conduta;
- faça com que a criança se responsabilize mais por seus atos;
- estimule atividades autônomas que já podem fazer sozinhos (escovar os dentes, calçar-se, dar laços nos tênis...);
- encarregue-o de pequenas tarefas que ficarão sob sua responsabilidade (dar comida/água para o cachorro, pegar a correspondência, apagar as luzes dos cômodos que não estão sendo utilizados na casa...);
- deixe que participe da escolha de consequências para a má conduta (evidentemente isso só funciona se for trabalhado antes do problema ocorrer e com a participação ativa dos pais). Dê-lhe a oportunidade de treinar o exercício dos deveres e dos direitos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.
GREEN, Chistopher. Domando sua ferinha. Curitiba: Fundamento, 2003.
SANTIAGO, Onete Ramos. Mãe, pai, filhos: que desafios ! Florianópolis: Sophos, 2003.
TIBA, Içami. Disciplina: limite na medida certa. São Paulo: Integrare, 2006. ____________Ensinar Aprendendo. São Paulo: Gente, 1998.